domingo, julho 26, 2009

A Nova língua Portuguesa


Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos pretos
'afro-americanos', com vista a acabar com as raças por via gramatical, isto tem sido um fartote pegado!
As criadas dos anos 70 passaram a
'empregadas domésticas' e preparam-se agora para receber a menção de 'auxiliares de apoio doméstico' .
De igual modo, extinguiram-se nas escolas os 'contínuos' que passaram todos a
'auxiliares da acção educativa'.
Os vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por
'delegados de informação médica'.
E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em
'técnicos de vendas '.
O aborto
eufemizou-se em
'interrupção voluntária da gravidez';
Os gangs étnicos são 'grupos de jovens'
Os operários fizeram-se de repente 'colaboradores';
As fábricas, essas, vistas de dentro são
'unidades produtivas'e vistas da estranja são 'centros de decisão nacionais'.
O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à 'iliteracia' galopante.
Desapareceram dos comboios as
1.ª e 2.ª classes, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes 'Conforto' e 'Turística'.
A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa:
«Sou mãe solteira...» ; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: «Tenho uma família monoparental...» - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.
Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas e
«terroristas»; diz-se modernamente que têm um 'comportamento disfuncional hiperactivo'
Do mesmo modo, e para felicidade dos 'encarregados de educação' , os brilhantes programas escolares extinguiram os alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, 'crianças de desenvolvimento instável'.
Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado
'invisual'. (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o 'politicamente correcto' marimba-se para as regras gramaticais...)
As putas passaram a ser '
senhoras de alterne'.
Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em
'implementações', 'posturas pró-activas', 'políticas fracturantes' e outros barbarismos da linguagem.
E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a
«correcção política» e o novo-riquismo linguístico.
Estamos lixados com este 'novo português'; não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz de forma
'politicamente correcta'.
E na linha do modernismo linguístico, como se chama uma
mulher que tenta destruir a educação em Portugal ?
Ministra !
Antigamente, quando havia democracia, chamava-se Ex-ministra.

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