sábado, dezembro 09, 2006

O Teatro como Actividade Municipal e Interesse Nacional





PORQUE ESTÃO OS TEATROS VAZIOS?

Simplesmente, porque o público não vem. Culpa de quem? Unicamente do Estado. Se cada um de nós se visse obrigado a ir ao teatro, as coisas mudariam completamente. Porque não instituir o teatro obrigatório? Porque é que instituímos a escola obrigatória? Porque nenhum estudante iria à escola se não fosse obrigado. É verdade que seria mais difícil instituir o teatro obrigatório, mas nós não podemos ter ambas as coisas se tivermos boa vontade e o senso do dever?
Além disso: o teatro não é uma escola? Então... O teatro obrigatório poderia começar na infância com um reportório de contos próprios para crianças como: "O grande anão malvado" ou "O lobo e as sete Brancas de Neve".
Numa grande metrópole:temos umas 100 escolas e 1000 crianças por escola, cada dia, o que faz 100 mil crianças diárias. Essas 100 mil crianças irão de manhã à escola e, de tarde, ao teatro obrigatório. Preço de Ingresso por espectador-criança: 50 cêntimos, custeados pelo Estado. E isso dá-nos 100 teatros cada um, com 1000 lugares ocupados: E 50 mil
euros de receitas para as Companhias teatrais.
Quantos mais actores teriam emprego?

Instituindo o Estado o teatro obrigatório, nós transformaríamos completamente a vida económica. Porque não é absolutamente a mesma coisa perguntar: "Será que eu vou ao teatro hoje?" ou dizer: "Eu tenho que ir ao teatro". O teatro obrigatório levaria o cidadão a renunciar voluntariamente a todas as outras distracções estúpidas como, por exemplo o jogo de cartas, as discussões políticas de taberna, encontros amorosos e todos esses jogos sociais que tomam e devoram o nosso tempo.
Sabendo que tem de ir ao teatro, o cidadão não teria mais que escolher o seu espectáculo, ele perguntaria se iria ver essa noite A Mãe Coragem ou outra coisa? Não! Ele terá que ir ver A Mãe Coragem e outras coisas, pois será obrigado: ele terá que ir, gostando ou não gostando, 365 vezes por ano, ao teatro. O estudante, por exemplo, também não gosta de ir à escola, mas vai, porque a escola é obrigatória. Obrigatória. Por lei. Somente através da lei poderemos obrigar o nosso público a ir ao teatro. Nós tentámos anos a fio convencê-los com boas maneiras, e eis o resultado. Golpes publicitários para atrair a multidão, como: "Ar condicionado", ou então: “ É permitido fumar", ou ainda: “ "Es tudantes e militares, do general ao soldado pagam metade". Com todos estes truques não conseguimos encher as salas.
E tudo aquilo que iríamos gastar para fazer publicidade será economizado, pois o teatro será obrigatório. Quem precisa de publicidade para mandar as crianças para a escola? NINGUÈM!
Não haverá mais problemas com o preço dos bilhetes. Ele não dependerá mais da condição social, mas sim das debilidades e doenças do público.
Da 1ª à 5ª fila, teremos os surdos e os míopes.
Da 6ª à 10ª fila, os hipocondríacos e os neurasténicos.
Da 10ª à 15ª fila, os doentes de peie e os doentes da alma.
E as frisas, camarotes e galerias seriam reservadas aos reumáticos e asmáticos.
A nossa experiência ensina-nos que não seria nada bom se os bombeiros fossem somente voluntários, e por isso constituímos um corpo de bombeiros. Porque o que é bom para o corpo de bombeiros é bom para o teatro. Há uma relação íntima entre os bombeiros e o teatro.
Eu que estou nos bastidores deste meio há tantos anos, nunca vi uma peça sem que houvesse um bombeiro na plateia.
O Teatro Obrigatório Universal, que propomos, o I.O.U., levará ao teatro, numa grande cidade, cerca de dois milhões de espectadores. Será necessário, então, que haja nessa cidade 20 teatros de 100.000 lugares; ou 40 salas de 50.000 lugares; ou 160 salas de 12.500 lugares; ou 320 salas de 6.250 lugares; ou 640 salas de 3.125 lugares; ou 2 milhões de teatros de 1 só lugar.
É preciso ser actor para dar-mos conta da força que isto pode ter, quando formos confrontados pela presença, numa sala monumental, de uma assistência de 50 mil pessoas.
Eis o verdadeiro modo de ajudar os teatros que estão à beira da falência. Não se trata de distribuir tarjetas, cartazes e convites. Não. É preciso impor o teatro obrigatório. E quem o pode impor senão o Estado?

Karl \lalentím

sábado, novembro 25, 2006

O Ceramista Rui Madeira

O amigo Rui Madeira

Entre outras coisas:Ceramista, Professor, Formador, etc.

E do qual eu tenho o previlégio de ter um trabalho com o meu rosto perpétuado.

Obrigado Rui.




segunda-feira, outubro 23, 2006

Eu e o "Estica" sem o "Bucha"




Teatrando

Vidas, máscaras, sonhos, distúrbios. Casos complicados que vagueiam por dentro das veias do teatro em busca de marcações à esquerda ou à direita para cenas reais, as quais nunca terminam, num palco, na última cena do 1º acto.

Por isso improvisam razões profundas, estimuladas num espaço de arena onde se cruzam a ficção e a realidade; Onde se fundem o coerente e o paradoxo e onde a luminosidade é recortada num acetato discretamente colorido, com a qual se põe a nu a fragilidade do personagem e seus comparsas.


Actores, vítimas, algozes, juízes, réus, vagabundos, sonâmbulos sem eira nem beira dão passagem ao foco de um projector que nem por sombras ilumina a penumbra das suas almas.

Pelo balcão reentram também figuras ilustres na busca de um protagonismo que não merecem; Pois são vedetas, galãs, estagiários, coristas perfumadas com channel duvidoso e que dão ares a canastrões descartáveis,em busca de uma deixa que nunca lhe é dada.

Tudo isso é sentido e perpetrado da ribalta onde os expectantes olhos de algum curioso se deixa envolver até ao epílogo da nossa história.

História, satírica, dramática, cruel no requinte do fazer de conta porque a vedeta desta vez, é uma figura misógina, mas real, no lugar do travesti afeminado, mas com certos trejeitos e encantos nos modos populares, de um qualquer país, deste terceiro mundo globalizado.
L.B

sábado, setembro 30, 2006

Trilho da Paz

Os Olhos
grandes janelas abertas
na busca de um luar adiado
em quarto-crescente
A Boca
poço sem fundo
onde se fundem o marulho das águas cristalinas e carpas vermelhas
carentes de algas oxigenadas
O Coração
despido de rodeios
deixou-se alcançar e anulou-se
corpo adentro em busca de veias disponíveis de desejo
s
O Corpo
em contraluz
tornou-se volúpia disforme
cintilante
violento fugidío
perverso de sensualidade
amedrontava
No Rosto

continuavam olhos
amplos
profundos a romper órbitas
de um querer amordaçado

tornado desespero numa tela de Gauguin
A Lua

reentrou pelas janelas desses olhos expressivos
esgueirou-se no quarto que ora crescia ora minguava
despiu-se de preconceitos
amou
foi amada...
E chorou.
L.B

domingo, setembro 24, 2006

Bertolt Brecht 50 Anos depois!


1956-2006

No passado dia 14 de agosto de 2006 assinalou-se por todo o Mundo 50 anos desde o seu desaparecimento fisíco.



Em 14 de agosto de 1956 o século xx perdia um dos seus dramaturgos mais revolucionários: Eugen Bertholt Friedrich Brecht, ou apenas Bertolt Brecht, como assinava o artista.
Através dele, o teatro (re)encontrou técnicas inovadoras como a do distanciamento, transformando-se num instrumento de acusação, protesto político, ou mesmo de doutrinação, sem jamais perder totalmente a poesia, o humor e o prazer.

Afinal Brecht era, acima de tudo, um homem de teatro. Na sua extensa obra encontramos as diversas facetas de um autor e director polêmico, paradoxal e mais vivo do que nunca.

sábado, setembro 23, 2006


Um outro sagitário com percurso no Teatro

Mitologia


É ilustrada com a figura do arqueiro. Quíron, que era um centauro (metade homem, metade cavalo).O seu arco está apontado para o corpo do Escorpião, como uma vingança pela morte de Órion.