segunda-feira, agosto 16, 2010

Fomos e Seremos Nós!


Fomos nós que pensámos não ter voz
Que pensávamos não ter corpo

Nós que frequentávamos as prisões
Que éramos censurados em cada gesto
Em cada passo

Nós a quem a mordaça feria fundo
Sempre ao som do bastão
E do capacete de aço

Nós que nos reuníamos em segredo
Que prostituímos o corpo
Por Franças e Alemanhas
E onde nos davam o ordenado

Nós que semeámos Alentejos e além-tejos
Nós que exploramos as minas
e que fomos explorados
Sempre a bater na bigorna
Sempre a contar o ordenado

Nós que fazíamos as greves
Cada vez com mais razão
Que uma manhã
Uma madrugada
Rasgámos os punhos ao cheiro
de um Tejo diferente
E caímos esperançados nos braços
de muita, muita gente.

E seremos também Nós
Que havemos de reinventar
um outro País novo
onde se viva um outro futuro
que não se esqueça do Povo.

2 comentários:

Clara Ferreira disse...

Lindo poema, Luciano!
Fantástico! Parabéns por tudo o que és. Sou tua fã! ;-) E continua a lutar por aquilo que acreditas. Beijinhos da Clara

saramago disse...

Bonito e...verdadeiro!
Mais parabéns da minha parte.
1 abraço fraterno
saramagoprowls