terça-feira, agosto 26, 2008

Eu e Eu

Ao fugir
abandonei-me sem medos.
Não sei se me descobrirei
alguma vez, pois ando a monte.
Desconheço, realmente, por onde ando
mas pretendo descobrir se ainda
estou ou não comigo.
Por isso necessito revelar-me de longe
para me observar
mas sem, contudo, saber
que me observo.
Quero penetrar nas margens
que me impelem e projectam
para descobrir que trilhos
e que rios me guiam e orientam.
Preciso de chorar e rir
mas divorciado de bússolas, das minhas mágoas,
e alegrias.
Saber-me à minha procura
sem avisar, a mim próprio,
de qual o caminho para
me encontrar.
Paradoxalmente
quero amar, lutar
erguer-me, cair, penetrar,
sofrer, viver, todavia sem nunca
parar para ajudar
e estender-me a mão.
Deixarei viver este corpo
e observar-me-ei de longe
indiferente às cicatrizes
que me rasgarem a pele
e me torturarem a alma.
Provavelmente
voltarei um dia
quando deixarem
de dúvidas existir
e os trapézios desfeitos,
onde sem cuidado me balanço,
se tenham desintegrados;
pois que para além de mim
existo eu.
Mas talvez nesse dia hei-de compreender
porque luto e danço constantemente
à beira do precipício
a desafiar crocodilos, rios revoltos e os
abismos desenfreados.
E talvez, também, nesse dia…
Encontrar-me-ei
Comigo próprio.
É bem provável!

3 comentários:

izilgallu disse...

Obrigada pelas palavras, mas me senti pequena diante dos seus poemas, você escreve realmente como eu gosto, forte, sem meias palavras
parabéns, farei do teu meu blog preferido.
izil

Tenho um blog com outra poeta
que chama-se Vida...um Teatro. :-)

izilgallu disse...

a minha lista de blog e extensa.
ehehe,
aqui vai
http://artesadaspalavras.blogspot.com/
http://ferasferidas.blogspot.com/

http://izil.blogspot.com/
http://vidateatro.blogspot.com/
Obrigada
izil

Chapa disse...

Luciano,
o vereador de Palmela, chama-se Adilo Costa.
Desculpa lá o mau jeito.
Cumprimentos
Chapa