quarta-feira, julho 11, 2007

Complicadas Coisas

Porquê esse silêncio quando entrei no café?
Porque é que se calaram quando nasci?
Por respeito, inveja ou despeito?
Ou porque certas coisas já emitidas me queriam omitir?
Culpa, não tive nenhuma porque ninguém
me consultou, se estava ou não interessado em aparecer.
obviamente! Os meus pais trocaram votos,alianças e assinaturas pela igreja.
Claro, viveram como todos os demais, pobres… mas felizes, entre comas que não são parêntesis.
Eles sabiam lá, que se vendiam camisas de Vénus, preservativos ou camisinhas no Chiado ou nos Champs- Elyssées!
Ou que o coito se interrompia na América em Amesterdão ou na Praça do Brasil.
A minha avó era apenas Maria e bonita e o meu avô
nos anos da guerra, passava horas nas filas, ou bichas, sem serem gays, dos géneros racionados e morreu tuberculoso.
Dizem, que chegou a ir à sopa do Sidónio que era Pais e déspota deste País à beira mar plantado pelos Árabes.
Ninguém, antes de nascer, me contou.
Juro que ninguém me confidenciou, que o leite de cabra estava esgotado... e que o feito em pó, se bebia como alternativa.
E que anos depois entraríamos na era do consumismo, da cola-cao e da Coca-Cola, que davam automóveis.
Também ninguém, colocou a boca no trombone p´ra me dizer, que havia uma guerra para cumprir, que nenhum de nós encomendara e uma farda para vestir, que larga me ficava e que mais magro me fazia sentir e parecer.
Que haviam mulheres, sem planeamento familiar, que à esquina me atormentavam, para com elas trocar dinheiro por espermatozóides, fazendo de mim mais um, talvez…o Vinte mil e tal.
Ninguém me informou também, que casas e empregos não haviam para todos, mesmo que se inscrevessem nas Instituições ditas Governamentais.
E que ao nascermos, seríamos mais um, para connosco dividirem a dívida externa.
E também nunca me disseram, que tínhamos de importar ministros, cerejas e dentistas e exportar futebolistas,tudo isto a bem da Nação e sem nos importarmos.
Ninguém, nem por uma vez, me disse que alguns só almoçavam dia sim, dia não e outros ainda, só dia não, dia não.
E também...
Nunca, mas mesmo nunca, me disseram…
Que a felicidade, já no século passado,
era um produto acabado.

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