Não sei se me descobrirei
alguma vez, pois ando a monte.
Desconheço, realmente, por onde ando
mas pretendo descobrir se ainda
estou ou não comigo.
Por isso necessito revelar-me de longe
para me observar
mas sem, contudo, saber
que me observo.

que me impelem e projectam
para descobrir que trilhos
e que rios me guiam e orientam.
Preciso de chorar e rir
mas divorciado de bússolas, das minhas mágoas,
e alegrias.
Saber-me à minha procura
sem avisar, a mim próprio,
de qual o caminho para
me encontrar.
Paradoxalmente
quero amar, lutar
erguer-me, cair, penetrar,
sofrer, viver, todavia sem nunca
parar para ajudar
e estender-me a mão.
e observar-me-ei de longe
indiferente às cicatrizes
que me rasgarem a pele
e me torturarem a alma.
Provavelmente
voltarei um dia
quando deixarem
de dúvidas existir
e os trapézios desfeitos,
onde sem cuidado me balanço,
se tenham desintegrados;
pois que para além de mim
existo eu.
porque luto e danço constantemente
à beira do precipício
a desafiar crocodilos, rios revoltos e os
abismos desenfreados.
E talvez, também, nesse dia…
Encontrar-me-ei
Comigo próprio.
É bem provável!